• Este é um Blog para Compartilhar histórias...

domingo, 11 de março de 2012

O SONHO DA PRINCESA ANA


    Como todo bom conto de encantamento começa com “Era uma vez...”, então este não poderia ser diferente.

    Era uma vez...

    ...uma bela princesa que morava num castelo enorme que vivia cheio de gente.

    A bela princesa, Ana, vivia muito feliz e toda semana tinha festa em seu castelo. Seus pais, o rei e a rainha, preparavam tudo com muito cuidado para receber os convidados.

    Ela ficava só espiando. Quando cresceu um pouco já podia participar dos preparativos para as festas.

    Adorava ajudar sua mãe na decoração do castelo. Tudo muito minucioso para que nada saísse do lugar.

    Quando cresceu um pouco mais, Ana já não gostava tanto de acompanhar a mãe na decoração, mas era capaz de passar o dia na cozinha, com Zazá, a cozinheira. Zazá era uma mulher grande, forte, negra e um pouquinho... vamos dizer... humm... fofa!

    Zazá cozinhava tão bem! Misturava temperos de cores e aromas diferentes, mexia aqueles panelões e hummm....que cheiro agradável aquele das comidas da Zazá!

    Ana queria ajudar, ficava rodeando, mas Zazá nem sempre deixava. Um dia, para a grande alegria de Ana, Zazá pediu que ela mexesse o caldeirão um pouquinho enquanto pegava mais sal no armário. Foi o dia mais feliz da vida de Ana até ali.

    Os poucos segundos que Ana ficou mexendo o caldeirão pareceram horas para ela.

    Naquela noite Ana foi dormir radiante e teve um sonho. Sonhou que era uma mulher feita, que estava noiva do príncipe mais bonito do reino todo: Pedro. No dia do seu noivado resolveu dar um presente para Pedro. Um presente inesquecível. Pensou, pensou, pensou... “Ah, já sei! Vou dar um... ah, não. Ele não vai gostar!”... “Então posso dar uma... ou um... ah, não dá. Não poderia!” ... “Claro! Como não pude pensar nisso antes?”. Um jantar. Sim, um jantar. Era isso que Ana ia dar a Pedro no dia de seu noivado. E Ana ficou tentando achar um jeito, no sonho, de convencer seus pais a deixarem-na cozinhar. Imagine uma princesa na cozinha? Cozinha é lugar de empregados. Por que ela não poderia se interessar pela decoração do castelo? Muito mais adequado a uma princesa. Mas não! Ela tinha de achar um jeito de convencer o rei e a rainha. Talvez se Zazá ajudasse, desse cobertura. Não, Zazá não ia querer enganar a rainha. Ah, mas tinha de haver uma maneira.

    Vocês devem estar pensando: “Nossa! Que sonho complicado! Sonho é pra ser descomplicado, é onde pode tudo, principalmente o que não é possível na vida real.”. E vocês têm razão! É mesmo. Mas o sonho de Ana parecia quase real de tão...real.

    Voltando ao sonho de Ana, ela ainda pensava num jeito de cozinhar para o noivo. Depois de algum tempo pensando em mil coisas, ela finalmente resolveu encarar a situação e contar para seus pais seu desejo. Encheu-se de coragem e foi. Imaginam o que aconteceu? No sonho, claro! Não? É, a dona rainha ficou um pouco brava, mas quase nada perto do rei. O rei ficou furioso e disse que não admitia a filha dele, uma princesa, na cozinha. A rainha até se assustou com o grito do rei. Imaginem a Ana.

    Ana ficou muito frustrada e tentou, mais tarde, conversar a sós com a mãe. Falou, falou, falou... até que a rainha cedeu e disse que conversaria com o rei. Disse a Ana que se preparasse, pois o jantar de noivado seria em dois dias.

    Ana ficou animada com o sucesso junto à mãe e achava fácil convencer o pai também agora que tinha a rainha como aliada. O rei sempre cedia aos encantos da rainha...

    Ana tinha agora uma outra preocupação: o cardápio do jantar. O que faria para seu noivo e os pais dele, que o acompanhariam no jantar? “Ai, ai, ai, eu achei que a parte mais difícil era convencer papai e mamãe...”. Correu pra Zazá, claro! Zazá ficou confusa, meio feliz e meio intrigada com a ideia. Mas ajudou!

    Afinal, sabia do carinho de Ana pela cozinha... e pelo príncipe. Nada podia dar errado!

    Ana cozinhou, com a ajuda de Zazá, costeletas de porco ao molho de alcaparras, um arroz com legumes e ervas e um belo manjar de sobremesa.

    Chegou o tão esperado dia! O noivo chegou com seus pais, sentaram-se à mesa e elogiaram logo de cara o cheiro agradável da comida. Ainda não sabiam da novidade. A princesa não deixou Zazá servir a comida sozinha. Foi prontamente ajudá-la. Todos olharam estranhamente para ela, que terminou de servir a mesa com cuidado e delicadeza, antes de se sentar.

    Antes que todos iniciassem a “comilança” (nos castelos acho que não existe essa palavra. Isso deve ser coisa dos empregados, talvez. Nos castelos devem dizem que iniciaram a refeição vespertina ou algo assim), o rei falou algumas palavras sobre o gosto que fazia do noivado da filha com Pedro. O outro rei, pai de Pedro, também se pronunciou. Logo foi a vez de Pedro, pedindo a mão da moça em casamento.

    Claro que Ana quis falar também, não é? Afinal, era o grande momento da revelação mais estapafúrdia dos últimos tempos. Bem, Ana se levantou delicadamente, deu um leve e encantador sorriso que quase hipnotizou o príncipe, e disse...

    ... “Ah, não! Não acredito que fui acordar bem agora! Que tragédia! Meu jantar. Bem agora que eu ia revelar a melhor notícia de todas.”. E sentou-se na cama, bufando de raiva e esfregando os olhos.

    Desse dia em diante, Ana não saiu mais da cozinha e ficava olhando Zazá cozinhar e imaginando seu sonho, esperando que se tornasse realidade.

    Mas essa estória entrou pela cabeça da princesa e saiu pela porta da cozinha, e quem gostou dê uma risadinha!

                                                                                                         Joyce Carvalhaes